12 fevereiro 2013

O que está errado no movimento evangélico brasileiro


Depois de um culto particularmente especial em nossa igreja, retorno muito feliz o meu lar e, ao acessar o Facebook da minha esposa, vi inúmeros comentários sobre esta entrevista dada pelo pastor Silas Malafaia para a jornalista e apresentadora Marília Gabriela.

O que me chamou a atenção não foi apenas a quantidade de pessoas discutindo, mas como esta entrevista realmente formou partidos: uns elogiando Silas Malafaia como sendo “o líder do movimento evangélico brasileiro” e outros gritando que ele era uma das bestas do Apocalipse.

Bem, não quero, nem estou dizendo que esta minha leitura é a única maneira de ver esta entrevista, mas vou ponderar em cima de algumas coisas que me chamaram atenção para concluir sobre o que coloquei no título:

1 – Claramente a Marília Gabriela queria “puxar o tapete” de Silas Malafaia. A mulher não deu um sorriso e foi patada atrás de patada. Ela já sabia o que ele pensava sobre o assunto e tentava explorar as fraquezas. Ela não fez uma entrevista propriamente dita, mas promoveu um debate.

2 – Confesso que a firmeza de Silas me chamou a atenção. Ele não hesitou em nenhuma resposta dada (não estou dizendo aqui que concordo), mas foi firme e sustentou seus posicionamentos até o final da entrevista.

3 – Aqui faço meu último e maior ponto. Não vou pontuar assunto por assunto, pois seria fruto para um artigo bem maior, mas vou tentar ir ao coração das respostas do pastor Silas e assim tentar mostrar o que anda errado com o movimento evangélico brasileiro.

Em todos assuntos levantados – Riquezas, Homossexualidade, Aborto, Vida de pastor -, o pastor Silas falou que ele não faz nada, mas que Deus é que opera todas as coisas. Todavia, ele sempre colocou que a religião que segue é baseada numa relação de troca.

Quando se falou de dízimo, ele mesmo disse que até o apóstolo Paulo entende que existe uma troca; que dar o dízimo por 30 anos sem esperar nada em troca é coisa de trouxa; e, que toda Bíblia ensina que, obedecendo a Lei, você terá prosperidade. E este pensamento chegou ao seu ápice quando a Gabi perguntou o que ele achava de uma criança que foi ou será criada por 2 homossexuais. Sua resposta foi que ele duvidava de como seria o futuro desta criança, que ele esperaria 30-40 anos para ver como aquilo se estragou.

Isto é o que está de errado com o movimento evangélico brasileiro. Onde, em que momento nesta entrevista houve espaço para a graça? A única vez em que ele citou Jesus foi justamente para dizer que Ele falou mais sobre o inferno do que o céu – para mostrar os seus perigos.

A mudança de vida, para o pastor Silas, não vem de uma operação graciosa espiritual, mas sim de um comprometimento seu em obedecer a Deus e a Lei e assim este Deus vai te abençoar. Daí o entendemos ao dizer que duvida que algo de bom possa vir de um filho de homossexuais, pois este não vai seguir a lei e, por conseguinte, não será próspero e irá para o inferno.

O apóstolo Paulo se considerava próspero – assim como todos os cristãos devem se sentir – por entender que a graça de Deus o bastava. Nós contribuímos com nossas finanças por 30 anos ou mais “como trouxas”, porque Cristo já trabalhou até a morte para que o Pai alegremente nos desse o Reino, o Reino! Para que vida com dignidade não fosse simplesmente um bom salário ou paz de espírito ou uma família arrumada. Mas para que, mesmo em perseguições, miséria, tristeza e até mesmo com a família “bagunçada”, possamos entender que, pela graça, estamos bem, pois estamos em Cristo. E nEle, pelo o que Ele fez é que amamos e obedecemos a sua Lei que, por natureza, desprezamos. Pelo que Cristo fez na Cruz por nós, Ele nos mostrou o que é obediência e que o fim da obediência pode ser sim morte e sofrimento físico, mas também regozijo e gozo eterno.

O que está de errado com o movimento evangélico brasileiro é a falta de Cristo. Voltamos a uma religião de obras: onde olhamos para todos com estereótipos incapazes de serem mudados; onde o mundo se divide em vagabundos e bandidos, e certinhos e obedientes. Voltamos para aquilo que Cristo, em seu trabalho, humilhou e destruiu.

Se me fosse perguntado sobre este suposto filho de homossexuais, eu diria que, há uma esperança de mudança, em Cristo. O evangelho pode tudo transformar.

A próxima pergunta seria justamente “mas Ele não me aceita como sou?” E a resposta que a a Santa Palavra de Deus nos dá é justamente esta: Que Deus prova o seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Romanos 5.8). Ele morreu para mostrar como a nossa condição de vida – seja você homossexual ou nascido em uma igreja, como eu fui -, só tem sentido nEle e que apenas nEle existe verdadeira mudança de vida e verdadeira prosperidade.

Precisamos de Cristo e Sua mudança, algo que tem sido raro, infelizmente, em nossos púlpitos e que faltou ao pastor Silas nesta entrevista.

Que Deus se apiede de nós e que busquemos a Jesus e a transformação que só Ele pode operar, e colocar em nós o desejo e o amor de sermos parecidos com Ele, especialmente, em nossos sofrimentos prósperos.

por Leonardo Oliveira
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