26 novembro 2012

Nazistas tinham orgulho em cumprir ordens, diz pesquisa


Um grupo de pesquisadores contestou os estudos que afirmam que nazistas que chefiavam campos de concentração estavam apenas “cumprindo ordens”, e disse que os seguidores de Adolf Hitler realmente acreditavam e se orgulhavam do que estavam fazendo.

Entre os anos 1960 e 1970, pesquisas sobre o comportamento humano se tornaram referência com a teoria de que essas pessoas praticaram atos de maldade porque naturalmente seguiram ordens de figuras de autoridade. Criminosos nazistas utilizaram a tese em própria defesa em vários julgamentos na corte de Nuremberg, na Alemanha.

Porém, psicólogos reexaminaram os experimentos originais e desafiaram os resultados de 50 anos atrás. O professor Stephen Reicher, da Universidade de Saint Andrews, na Escócia, e o professor Alex Haslam, da Universidade de Queensland, na Austrália, iniciaram os estudos há 10 anos. Eles descobriram que voluntários que trabalharam como guardas em campos de concentração só agiram com brutalidade quando se identificaram com seu papel e acreditavam que suas ações eram necessárias para manter o controle.

Adolf Eichmann, criminoso nazista morto em 1962, é um dos ex-oficiais que se orgulhavam do Holocausto
Em uma série de experimentos mais recentes, os pesquisadores descobriram que as pessoas só se curvam à autoridade quando elas acreditam que isso é necessário para atingir um objetivo maior. “Nossa pesquisa mostra que a tirania não resulta de uma conformidade cega às regras, é um ato criativo de seguimento que flui da identificação com autoridades que representam atos tanto cruéis como virtuosos”, disse o professor Haslam.

Os dois professores afirmaram que “uma série de profundas análises históricas têm desafiado a ideia de que burocratas nazistas estivessem apenas seguindo ordens”. “Essa pode ter sido a defesa que eles alegaram ao buscar minimizar a culpa, mas provas sugerem que funcionários como (Adolf) Eichmann (enforcado em 1962 por seu papel na organização do Holocausto) tinham um entendimento muito bom do que eles estavam fazendo e se orgulhavam da enérgica aplicação que tinham em seus trabalhos”, disseram os pesquisadores.

1 comentários:

Roberto Copeti disse...

Não apenas os alemães...
O soldado Wolfram Günther serviu em uma unidade de artilharia Wehrmacht na frente do leste, e em um só dia destruiu vários carros de combate russos, merecendo a honraria da Cruz de Ferro. O capitão Klaus von Schmeling-Diringshofen comandou centenas de homens na Polônia, onde morreu. Teve enterro com pompas. O piloto Sigfried Simsch derrubou 95 aeronaves inimigas e ganhou a medalha Cruz de Cavalheiro. Bernahrd Rogge ficou conhecido como um dos capitães mais efetivos nos ataques contra navios dos Aliados, tendo suas façanhas no comando do encouraçado Atlantis contadas até em filme.
O que esses homens têm em comum? Todos engrossaram as forças de Adolf Hitler e combateram durante a Segunda Guerra Mundial. E o surpreendente: todos eram judeus, às ordens do seu pior inimigo.
De acordo com o historiador americano Bryan Mark Rigg, enquanto milhões de judeus eram mortos em campos de concentração, militares com a mesma ascendência lutavam por seus algozes nazistas. No livro, "A tragédia dos soldados judeus de Hitler", Rigg afirma que, no mínimo, 150 mil militares alemães durante o conflito eram judeus. Muitos acabaram sendo discriminados e expulsos do Exército, diz o autor, entretanto muitos outros tiveram papel de destaque. Um deles, identificado como Milch, chegou ao posto de marechal de campo. Outro, Helmut Schmoenckel comandou o submarino U-802. Até a temida Waffen SS (organização paramilitar ligada ao Partido Nazista alemão) teve um tenente coronel de família judia.
No livro, Rigg esclarece que a maior parte dos judeus que combateram pela Alemanha o fez por não ter outra alternativa de sobrevivência no regime nazista. "Sabia que tudo o que eu fazia ia contra os meus interesses e os dos meus familiares, mas o que eu poderia fazer?", explica no livro o cabo Richard Riess.
Apesar do ódio patológico contra judeus, Hitler, por outro lado, tinha uma visão utilitária desses militares. A eliminação deles poderia esperar o fim da guerra, já que estavam sendo úteis em muitas frentes de combate. O judeu Fritz Bayerlein chegou a ser dispensado em 1934, mas acabou reincorporado a mando de Führer, que lhe concedeu uma licença especial para continuar comandando uma divisão de blindados Panzer Lehr. Foi condecorado com a Cruz de Cavaleiro.
Conclusão: somos todo iguais, alguns dignos, outros nem tanto. Depende do valor pago...

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